A provável origem do nome do povoado Bezerro remonta a um Velho Senhor de
sobrenome Bezerro, proprietário de uma antiga passagem localizada onde,
posteriormente, se instalaria as margens do riacho e construíra casa de morada
o senhor Bernardo Bolacha. Essa passagem constituía a primeira rota utilizada
por viajantes vindos da parte central do município — possivelmente dos povoados
Surrão, Buritizinho, Santana, Riacho do Meio e São Bento — rumo às praias da
Tutóia Velha ou do Cangatã. Segundo relatos orais de moradores antigos,
especialmente o senhor Raimundo Ídia[1],
os comboios costumavam afirmar que a última parada antes da praia seria na
“passagem do Bezerro”, o que acabou originando o nome do povoado.
Entre as famílias mais antigas do Bezerro destacam-se
Apolinária (mãe de Dionísio) e Manezinho (pai de Picica), que residia onde hoje
está a casa da Dona Maria, ex-esposa do senhor Pedão. No centro do povoado
situava-se a casa de Dona Maria Pereira, às margens do riacho do Bezerro, em um
ponto conhecido como “Passagem da Maria Pereira”, atual passagem do Bar da Ana.
A área era marcada por um jatobazal, onde atualmente se encontram as casas de Joaquim
Santana e Célia Ramos[2],
de fronte para o prédio da escola.
Registra-se também que, na região do Bezerro, fugiram e se
esconderam escravizados oriundos das lavouras do povoado Boa Esperança,
buscando refúgio em uma área então considerada de difícil acesso. Na passagem
do Araticum – também denominada de Passagem Funda - ponto em que outro riacho se
junta ao riacho Bezerro para formar o Rio Bom Gosto, vivia a família da Velha
Ídia.
O povoado abrange estendia-se até a localidade do Periquito[3]
onde residiam membros da família Ramos, dentre eles Inácio Dandico Ramos e João
Dandico Ramos. As terras do Periquito foram adquiridas na primeira metade do
século XX pelo então prefeito Lucas Veras, que as cedeu ao seu compadre Inácio
Dandico Ramos, consolidando lhe a posse definitiva da área. Posteriormente,
Lucas Veras vendeu parte dessas terras a Antônio José Neves, que viria a ser
prefeito de Tutóia na década de 1970. Ainda assim, Inácio manteve a posse das
áreas não ocupadas e estabeleceu um sítio às margens do rio, próximo ao povoado
Bezerro.
No início do século XX, conforme colhemos de relatos orais
dos mais antigos, entre os primeiros moradores do Bezerro estavam as famílias
dos senhores Rodolfo, Joãozinho Binu, Antônio Liberato, Dionísio, Apolinária
(mãe de Dionísio), Manezinho Cachorro, Valdimiro e Bernardo Diniz. No Araticum,
residiam os Canuto. A mãe de Célia Ramos, Amélia — esposa de Inácio Dandico
Ramos — mudou-se para o povoado Periquito em 1949, instalando-se no sítio popularmente
conhecido como “Lá Embaixo”.
Com base nos relatos reunidos e nas datas mencionadas,
conclui-se que a formação do povoado Bezerro ocorreu entre o final do século
XIX e o início do século XX.
[1] Relato do senhor Raimundo, concedido ao
professor Elivaldo Ramos, em 26 de dezembro de 2022.
[2] Depoimento de Célia Ramos (em 15 de novembro de 2025), que passara a residir no povoado com apenas oito meses
de idade, visto que nascera no povoado Carnaubeiras, município de Araioses
(MA). Antes disso, Amélia morara na Ilha do Caju, onde trabalhava para um
senhor chamado Deca. Célia era afilhada de Lucas Veras e de Cotinha Veras. Foi contratada como professora da comunidade no ano de 1983, ministrando aulas e dirigindo a escola até o ano de 2007.
[3] Moradores ainda recordam um episódio marcante
envolvendo uma mulher do Periquito que se opôs à venda do sítio onde residia
durante as negociações de Lucas Veras. Em ato de resistência, declarou a
célebre frase: “Nasci no Periquito, criei cabelo no Periquito e vou morrer no
Periquito”.


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