Esse da esquerda de gravata é José Véras
José de Almeida Véras, filho de Joaquim de Almeida e Maria Célia Véras (Maroca), nasceu em Tutóia Velha, a 6 de abril de 1906.
Casou-se com Eduvirgens Fonseca Véras (Dondom), com quem teve os filhos Dulce Maria Fonseca Véras, Antônia Maria Fonseca Veras, Francisco José Fonseca Veras, Ielda Maria Fonseca Veras, Antônio José Fonseca Veras e Maria de Fátima Fonseca Veras.
Funcionário público da Lloyd Brasileiro.
Nas eleições de 3 de outubro de 1960, José de Almeida Véras foi candidato a vice-prefeito na chapa de Antônio José Neves Rodrigues, que concorreu com Celso dos Santos Véras, este com o vice José de Matos Silva.
No dia da votação, contratados por um deputado estadual, pistoleiros chegaram a Barro Duro. Por volta das 11 horas, quatro jipes, com eleitores do povoado Jardim, receberam rajadas de metralhadoras e de outras armas de grosso calibre a cerca de dois quilômetros da sessão. Atingida na cabeça, morreu Maria Zuleide, 18 anos de idade, que votaria pela primeira vez. Um dos assassinos manteve ato sexual com o cadáver.
Ação foi protocolada junto ao juiz da comarca de Chapadinha, que respondia, temporariamente, pela comarca de Tutóia, e, após, levada ao TRE, conforme podemos ler pela publicação no jornal Correio Braziliense, de 13 de novembro de 1960, página 3:
“Diplomação anulada - São Luís (Meridional) - Foi declarada sem efeito a diplomação do prefeito e vice prefeito de Tutóia, srs. Antônio José Neves Rodrigues e José de Almeida Véras. Provocou a decisão do TRE um recurso do PSD. Foi anulada a votação da 5ª secção daquele município. Mas não haverá suplementares, estando, em consequência, assegurada a eleição e diplomação dos outros candidatos, srs. Celso dos Santos Véras e José de Matos Silva”.
Neste meio tempo, um boato deixou todo mundo de orelha em pé. O mesmo bando que havia emboscado os eleitores e assassinado Maria Zuleide havia sido contratado para matar Antônio José Neves Rodrigues, que viajou imediatamente para Teresina, sob a lona da carroceria de um caminhão, carregado de sacas de babaçu. De Teresina, seguiu para o interior de São Paulo, onde residiu mais de dez anos. Ali trabalhou como empresário de artistas, um deles Luís Bordon, o Rei da Harpa Paraguaia, considerado um dos maiores solistas em toda a história deste instrumento. Até que, 12 anos depois, já com a poeira assentada, ele retornou a Tutóia.
Celso dos Santos Véras e o vice José Matos da Silva tomaram posse a 31 de janeiro de 1961.Os primeiros dias de mandato foram de muitas turbulências sociais. Ninguém esquecia o assassinato da Maria Zuleide e havia pressão do povo para achar e julgar os assassinos. Homem de rígida formação moral, ele procurou solucionar os fatos e tocar a administração. Mas, não suportou a pressão política. Um ano depois pediu licença para tratamento de saúde.
O jornal Pacotilha (MA), de 9 de setembro de 1961, página 4, noticiou:
“Eleito presidente da Câmara de Tutóia - Realizou-se no dia 7 de setembro, em Tutóia, com a presença do deputado Mário Flexa Ribeiro, representante daquele município no Legislativo Estadual e do sr. Antônio Machado Neves da Costa, representante da comuna tutoiense, aqui, a eleição para presidente da Câmara Municipal, tendo sido escolhido, por unanimidade de votos, o vereador Manoel Freitas de Araújo, destacado representante do PTB.
No mesmo momento, foi apresentado pelo cel. Celso dos Santos Véras, prefeito municipal, pedido de licença para viajar para o sul do país, em tratamento de saúde, tendo, em consequência, assumido a direção do Executivo, ali, o vice-prefeito eleito José de Matos Silva, prestigioso chefe político no município.
Na mesma oportunidade, a Câmara Municipal apreciou pedido de renúncia que lhe foi apresentado pelo vereador Manoel de Jesus Silva”.
Celso dos Santos Véras não manifestou interesse em retornar ao cargo na Prefeitura de Tutóia, que foi assumido pelo vice-prefeito José de Matos Silva, encerrando-o a 1º janeiro de 1966.
Nas eleições de 3 de outubro de 1969, Zilmar Melo Araújo despontava como candidato natural, entretanto o prefeito José de Matos Silva e os quatro vereadores que lhe eram fiéis procuravam um nome viável para a sucessão.
O deputado estadual Mário Flexa Ribeiro influenciou e o escolhido foi José de Almeida Véras, tendo como vice o comerciante Manoel de Jesus da Silva - Manoel Braulino, em homenagem ao pai Braulino José da Silva, do povoado Seriema, onde se elegeu vereador em várias legislaturas.
Mesmo assim, sem se abater, Zilmar Melo Araújo lançou-se candidato pela UDN.
O grupo de Lucas Cardoso Véras, comandado pelo major do exército e deputado estadual José Pereira dos Santos, líder do governador Newton de Barros Belo, na Assembleia Legislativa do Estado, escolheu a professora Zelinda Neves Miranda, tia de Antônio José Neves Rodrigues e filha mais nova de Paulino Gomes Neves e de Maria José Gallas Almeida Neves. Professora de quase todos os jovens tutoienses. Diretora e uma das fundadoras do Instituto Paulino Neves. Desfrutava de grande prestígio na comunidade.
No plano estadual, o ex-prefeito de São Luís, Costa Rodrigues, PDC, indicado pelo governador Newton de Barros Belo, tinha o apoio de José de Matos Silva, do major do exército e deputado estadual José Pereira dos Santos e de José de Almeida Véras.
O deputado federal Renato Archer da Silva, coligação PTB/PSD, era apoiado por Odon Ferreira, agente do Iapetec, que, em Tutóia, apoiava Zilmar Melo Araújo.
O deputado federal José Sarney, ARENA, recebia o apoio de Merval de Oliveira Melo e Zilmar Melo Araújo. José Sarney foi o vencedor, com 97.833 votos, contra 52.902 dados a Costa Rodrigues e 30.228 a Renato Archer da Silva.
No plano local, José de Almeida Véras venceu. Obteve 714 votos, Zilmar Melo Araújo 703 votos e a professora Zelinda Neves Miranda 476 votos. Na computação, José de Almeida Véras teve apenas 11 votos a mais do que o Zilmar Melo Araújo e 238 votos a mais do que a professora Zelinda Neves Miranda, mostrando que a disputa foi acirrada.
Um dos primeiros atos do prefeito José de Almeida Véras foi nomear para secretário da Administração o cunhado Raimundo Soares da Fonseca, o Mundoco Fonseca, natural do povoado Mutamba, conhecedor da legislação em geral. Este, muito sincero, disse que só assumiria se fossem cortadas as relações com o chamado “grupo de São Luís”, que retinha e distribuía grande parte das verbas federais entre os componentes há mais de dez anos, comprometendo as finanças da Prefeitura.
José de Almeida Véras rompeu com o grupo que o apoiara e formou novo bloco político com Merval de Oliveira Melo e Zilmar Melo Araújo, que traziam o espólio da acéfala ala de Lucas Cardoso Véras, falecido a 1º de janeiro de 1956, mais os quatro vereadores que os apoiavam, além, é claro, do governador José Sarney.
José de Almeida Véras foi o pioneiro na pavimentação da área urbana. Calçou, com pedras trazidas de outras cidades, as principais ruas e avenidas do centro. Construiu a rampa do Porto, substituindo o velho trapiche. Instalou, na Avenida Paulino Neves, o primeiro parque infantil da cidade. Construiu a Unidade Escolar Eduvirgens Fonseca, em Porto de Areia.
José de Almeida Véras faleceu em São Luís, a 20 de junho de 1970.
Fotos, Arquivo Kenard Kruel: Da esquerda pra direita: Eduvirgens Fonseca, (esposa), José de Almeida Véras, Maroca, mãe de José de Almeida Véras, duas irmãs que eram solteironas - Lourdes e outras. E os filhos Francisco, Dulce e Antônia Maria. A criança do braço é Ielda.
Texto: Kenard Kruel.
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