Fotos: Acervo Elivaldo Ramos, 2015, 2018 e 2022.
Povoado Arpoador
O Arpoador é o principal povoado dessa zona. Inúmeras transformações socioeconômicas recentes podem ser observadas na povoação. Situado na região costeira, litoral oeste do município, numa ponta, antigamente ocupada pelos ranchos pesqueiros denominados de Carnutuba, Peroba e o próprio Arpoador, situados no limite com o município de Paulino Neves, separados por um braço de mar, nas proximidades da foz do Rio Novo. Atualmente, muitos consideram apenas um povoado, inclusive no cadastro oficial do município, mas na comunidade é comum separá-lo em dois: Peroba e Arpoador.
O relevo é formado por dunas e paleodunas, com elevações de aproximadamente 30 metros de altura. O solo tem a características arenosa nas morrarias e lamoso na área de mangue. Para Bandeira (2013), a morfologia do relevo de Tutoia é predominantemente plana, caracterizada por extensas planícies, mas com a presença de pontos de maior altitude, como as falésias do Jardim, situadas na região litorânea. O terreno faz parte do Domínio dos Sedimentos Cenozóicos Eólicos (DCE), composto principalmente por sedimentos arenosos inconsolidados de origem eólica. Este domínio está associado a um ambiente costeiro e é diferenciado em duas unidades geológico-ambientais: Dunas Móveis (DCEm) e Dunas Fixas (DCEf). Essa é a mesma característica do povoado Arpoador.
A vegetação predominante é a restinga, com presença de salsa e gramíneas, e uma faixa de manguezal.
O abastecimento de água é realizado por um poço artesiano mantido pela Prefeitura Municipal. Além disso, diversas residências e estabelecimentos comerciais contam com poços tubulares próprios e utilizam água mineral para consumo.
A economia local da comunidade é impulsionada pela pesca e pelo turismo. Em 2022, o governo do estado, em parceria com as prefeituras municipais, investiu no setor turístico, instalando portais, praças e outros equipamentos. Em Tutóia, o “Arpoador” – um dos principais cartões-postais da cidade – recebeu um portal de entrada com 10 metros de altura, adornado com imagens que evocam a praia, o kitesurf e as belezas naturais da região, conforme anunciado em sítio oficial (MARANHÃO, 2022).
A eletrificação na comunidade chegou por volta do ano 2004, com o programa do Governo Federal “Luz Para Todos”.
O povoado, historicamente reconhecido pela sua atividade pesqueira, a partir dos anos 2010 - e se intensificou recentemente -, passou a atrair turistas e investimentos da indústria eólica, resultando em um significativo aumento nos preços imobiliários devido à especulação, vem gerando tanto oportunidades econômicas quanto desafios sociais para os moradores locais. Tais constatações se dão, a partir da realização de diálogos, observações de campo e análise de matérias jornalísticas e documentos para identificar essas mudanças, que incluem o desenvolvimento do turismo e do kitesurf. Os resultados mostram que, além das oportunidades econômicas, surgiram desafios similares ao da gentrificação, sugerindo a perda de identidade cultural e desigualdades socioeconômicas.
A complexidade das transformações no povoado Arpoador oferece insights importantes para entender como comunidades tradicionais lidam com o crescimento e as pressões externas. A gestão sustentável do desenvolvimento turístico e energético torna-se crucial para garantir que os benefícios econômicos sejam equitativamente distribuídos e que a cultura local seja preservada ao longo do tempo.
O povoado pesqueiro de Arpoador, em Tutoia-MA, tem se tornado um destino cada vez mais procurado por turistas de maior poder aquisitivo durante a alta temporada, com alguns visitantes chegando até mesmo de helicóptero. Esse aumento no fluxo de turistas tem criado novas oportunidades para os moradores locais, que passaram a lucrar atuando como guias turísticos e vendendo produtos in natura, como água de coco e pescados. Além disso, o crescimento do turismo atraiu investidores interessados em desenvolver hotéis e restaurantes na região. No entanto, essa valorização também provocou uma especulação imobiliária significativa, resultando na disparada dos preços dos terrenos e gerando conflitos fundiários entre os moradores locais, estrangeiros, investidores e grileiros. Em resposta a essa situação, órgãos como a SPU-Secreatria de Patrimonio da União, o IBAMA e o ICMBio têm realizado investigações para coibir a venda ilegal de lotes de terreno de marinha e de áreas protegidas.
Sua geografia se caracteriza pela ponta da Praia do Amor, Praia do Arpoador, Praia da Peroba, destacando-se o Morro das Cabras, a Ilhota dos Macacos e a Lagoa do Maceió. Integra os Pequenos Lençois, dentro da APA dos Pequenos Lençois.
A comunidade é dotada de uma igreja católica (Igreja de São Pedro), uma escola mantida pela rede pública municipal (Escola Pedro José da Silva), aproximadamente vinte pousadas, chalés e restaurantes, varios kioesques de kitesurgifstas, duas associaçoes de moradores (Associação dos Moradores e Pescadores do Arpoador, Associação da Peroba), rancharias de pesca, barracas de vendas de artesanato e frutos do mar, pequenos comércios varejistas.
A população é composta basicamente de pescadores nativos ou que migraram da zona rural para lá, e mais recentemente com turistas cearenses e do sul que passaram a investir no turismo. Aproximadamente 579 eleitores (TSE, 2023),
O acesso à comunidade se dá pela orla marítima e é possível apenas durante a maré baixa para qualquer tipo de transporte. Não há estrada pavimentada que leve até a comunidade, contudo, internamente, parte das ruas recebeu pavimentação com bloquetes, realizada pela Prefeitura Municipal.
A escola conta com um total aproximado de 300 alunos.
História. A matéria do jornal "A Voz do Mar (RJ)", na página 19 da edição 162 de 1939, relata que a Confederação Geral dos Pescadores do Brasil inspecionou a Colônia de Pescadores de Tutoia devido a desajustes na gestão anterior. A nova administração, liderada pelo presidente José do Nascimento, estava em processo de reorganização da associação, incluindo a implementação de escolas.
A Colônia de Pescadores foi fundada em 1932 com o prefixo Z-12, inicialmente conhecida como "Sá Viana". Posteriormente, mudou seu prefixo para Z-17.
O presidente da Colônia de Pescadores, à época, criou a "Caixa de Socorro aos Pescadores" e inaugurou a escola "Paulino Neves" na sede, atendendo a 60 alunos de ambos os sexos. Além disso, outra escola, denominada "Benedito Leite", localizava-se na localidade de Rio Novo, atualmente no município de Paulino Neves, conforme indicado pelos nomes dos professores e do subdelegado associados a ela.
Na primeira metade do século XX, a Colônia Z-12 de Tutoia desempenhou um papel crucial na expansão da educação no município, estabelecendo escolas financiadas pela própria Colônia. Na época, havia 12 escolas em operação, um feito notável para a região. Em 1939, a Confederação Nacional das Colônias visitou Tutoia e constatou o progresso educacional, inaugurando duas dessas escolas naquele ano.
Cada comunidade pesqueira majoritária na Colônia tinha sua própria escola, refletindo o compromisso com a educação das crianças dos pescadores. No ano seguinte, outra escola foi estabelecida no povoado de Carnutuba (atualmente conhecido como Arpoador/Peroba), seguida pela escola "Epitácio Pessoa" em Cajazeiras. Essas iniciativas não apenas proporcionaram acesso à educação básica, mas também fortaleceram a comunidade local ao oferecer oportunidades educacionais essenciais para os filhos dos pescadores.
A Colônia era considerada uma das mais organizadas e progressistas do norte do país, graças à dedicação de sua diretoria, liderada pelo presidente, Sr. João Soares Nascimento, conforme destacado na publicação do Jornal "A Voz do Mar (RJ)".
Pesquisa em andamento, desenvolvida pelo professor Elivaldo Ramos, 2023/2024. Se for usar citar a fonte.
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