TUTOIA, UM MUNICÍPIO RICO EM OPORTUNIDADES


Praça da Família, no porto de Tutoia. Foto: Governo do Estado do Maranhão, 2021. 


Texto escrito no 86º aniversário de emancipação política de Tutoia, em 29 de março de 2024. 

Autor: Elivaldo Ramos Lima 



O Município de Tutoia, em toda a sua extensão, não é pobre em nenhum sentido. A falta de iniciativa dos munícipes, é que, deixando de aproveitar as oportunidades que batem às suas portas, deixa a riqueza tutoiense apenas no plano das possibilidades. Não se tem conseguido converter todas as riquezas que temos em desenvolvimento e em riqueza e bem-estar material e social para seu povo. 

Aos quatro cantos do município abundam terras produtivas, entrecortadas por riachos perenes que poderiam irrigar milhares de hectares agricultáveis. O solo precisa de pouca ou quase nenhuma correção. Por outro lado, o litoral é farturento em pescados; somos referência na cata de caranguejo e pesca de camarão. Da comunidade rural e pesqueira Cajazeiras, todos os meses saem toneladas de caranguejo, em sua quase totalidade comercializada por atravessadores, para abastecer os restaurantes cearenses e piauienses. E pouco se reveste em renda para os nativos. Com o camarão acontece o mesmo, há anos. 

O litoral não é rico só em pescados. O turismo é a bola da vez. Exemplo, são os hoteis e resort em pleno funcionamento na orla da Barra até o bairro São José, e com previsão de implantação de mais dois resorts nos próximos dois anos. No mesmo sentido, o povoado pesqueira do Arpoador, nos últimos três anos deu um salto, após receber pousadas, chalés e outros empreendimentos turísticos, isso fez elevar em mais de mil por cento os preços das terras naquela comunidade. Como não houve uma intervenção administrativa de planejamento estratégico ou de zoneamento ecológico e de uso do solo, resultaram alguns prejuízos com a ocupação desordenada, como do surgimento de conflitos de terras com grilagem ante a especulação imobiliária. Tirando isso, tem-se um saldo positivo, notadamente, na oportunidade de geração de emprego e renda para a comunidade. 

Tutoia recebeu, nos últimos cincos anos, investimentos significativos no comércio e serviços. Empresas do setor varejista como Americanas, Magazine Luiza, Camino, Alfa e Eletro Mateus, enxergaram um mercado consumidor potente e se instalaram na cidade. No mesmo sentido, agências bancárias enxergaram uma carta de clientes rentável com a procura de financiamentos em várias áreas desde a rural até empresariais, bem como investimentos em micro empreendedores individuais, atraindo, por exemplo, bancos de investimento e fomento de crédito como o Banco do Nordeste, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco (detém parcela da folha de pagamento do funcionalismo público), o Sicoob, o Itaú e Santander, além do Banco do Brasil (injetando na economia local volume significativo de capitais por deter a carta de clientes que recebem aposentadorias e pagamentos de programas sociais), em funcionamento aqui desde os anos 80. Além disso, temos a agência da previdência social, que ajuda a impulsionar a economia local.  

Ainda no setor de serviços, registra-se crescimento com o funcionamento de oficinas mecânicas modernas, hotelaria, restaurantes, de transfer no turismo (rotas nas ilhas e nos pequenos lençois), educacionais privados, entre outros. 

Boa parte do crescimento se deve a uma mola que tem sido a propulsora, o turismo. Aliás, registre-se, a cidade tem situação geográfica privilegiada, entre o Delta do Parnaíba (com dezenas de ilhas pertinho da costa) e os Lençois Maranhenses (com campo de dunas margeando a cidade), atrativos que estão entre os mais procurados no Nordeste atualmente, e mais ainda, a cidade integra a Rota das Emoções, que liga três estados (Ceará, Piaui e Maranhão). 

Há também o setor industrial na exploração do calcário marinho com duas empresas atuando (Oceana Minerals e Biomar). O produto extraído na costa tutoiense tem como destino o mercado externo, principalmente o europeu, além de abastecer o mercado interno também com produtos derivados: ração animal, calcário para correção de solo, entre outros. 

No campo da infraestrutura, os investimentos turísticos que tomam de conta o Bairro São José, urge a se pensar em um plano de ordenamento da ocupação daquela área, a se pensar em fazer uma via (pavimentada) na orla (onde for ecologicamente viável) margeando as dunas como meio de garantir acesso às praias, mas também para evitar a propagação de becos, como já vem ocorrendo, inviabilizando o tráfego de automóveis e até de pescadores com suas canoas e apetrechos de pesca, ou dos serviços públicos, como a coleta de lixo e posteamento de eletricidade. 

A orla pavimentada a que me refiro, seguiria pela Barragem até a saída para o Arpoador, numa avenida com via dupla, bem como a melhoria e alargamento, onde for possível, de outras ruas que dão acesso a praia e a hoteis e restaurantes, a exemplo da maior rua da cidade, a Capitão Demétrio, que se estende desde o bairro Cajueiro até a Barra. 

Como se sabe, estamos em um ano de campanha eleitoral e pouco se ouve falar em planejamento estratégico, plano de investimentos. Fala-se muito em saúde decadente e nada mais. Não que a saúde não seja uma área importante e que precisa de investimentos e melhorias, não é isso que estou a argumentar. Refiro-me aos arranjos dos aproveitadores de plantão que, descuidadamente, pegam pessoas de pouca instrução e não menos necessitadas no quesito tratamento de saúde e as colocam em lombos de veículos de qualquer natureza, por vezes sem o mínimo de segurança, as levando a grandes distâncias para realizarem procedimentos desde os mais básicos (consultas, exames) aos mais complexos (como cirurgias). Mesmo que o propósito seja cuidar, acabam por as expor a riscos, vez que são realizadas cirurgias precárias, por vezes, fracionando anestesias e outros insumos na realização destas, fruto de parcerias político-eleitoreiras, que podem resultar em óbitos, como já ocorreu. Essa tem sido uma prática recorrente utilizada por muitos. 

Registre-se, que não estou a criticar no todo quem se utiliza dessa prática, pode até ser válida e oportuna, mas seria melhor se voltassem os interesses para melhorar internamente nossa estrutura nessa área. 

O que falta então para Tutoia crescer? A resposta é simples: visão administrativa e futurista tanto do setor público quanto do privado. Veja-se que próximos de nós, pouquíssimos municípios têm o mesmo potencial pluralizado e concomitante, ou seja, pesca, agricultura, comércio, serviços e indústria. Precisamos, além da visão administrativa, pensar em um município que invista pesado em educação formativa e tecnológica, em infraestrutura e planejamento estratégico, posto que tem recursos e belezas naturais ímpares.

O desenvolvimento de Tutoia, passa por vontade e decisão. Pois de nada adianta todas as potencialidades que já elencamos acima se não forem realmente convertidas em oportunidades. 

E acrescento, é preciso que os governantes se apropriem, no bom sentido do termo, das pessoas inteligentes de nosso município e os façam protagonistas de nosso crescimento e, por consequência, operários do governo e os ajudem a promover a verdadeira governança e governabilidade, promovendo, desta forma, o bem-estar social de nosso povo. Que se faça parcerias com os centros de estudo e acadêmicos para produzir projetos de oportunidades para o município e região. Que se traga para o município um polo universitário. 

É preciso, ainda, pensar em implementar consórcios intermunicipais e integração com cidades e estados vizinhos para melhorias, por exemplo, no atendimento à saúde e cuidado com o meio ambiente, seja na conservação dos recursos hídricos, florestas e espaços turísticos, seja no tratamento dos resíduos sólidos. 

Tutoia é um canteiro de oportunidades pujante. É um pedaço rico do rico Nordeste. 

Precisamos do engajamento de todos por uma outra Tutoia, sem qualquer partidarismo ou crítica a quem quer que seja, e sem o ufanismo pré-eleitoral de pseudos oposicionistas. 

Em tempo, esclareço que não faço qualquer demérito ao governo municipal atual. Pelo contrário, é visível por todos, têm promovido relevantes investimentos na educação e na infraestrutura de pavimentação, tanto na zona urbana quanto rural.

Muito se tem feito no presente, é fato. Do passado também se tem frutos. Mas anseio por uma Tutoia do futuro. Pensemos no futuro, e, coletivamente. Bem sei que a teoria anda longe do que é a prática, mas coloco-me à disposição para juntos acharmos o caminho. 





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