A volta do cenário de Faroeste no Congresso Nacional



A postagem da presente matéria vem no momento em que um deputado verbalizou no plenário da Câmara dos Deputados nesta semana em tom de ameaça ao Ministro Flávio Dino sobre o uso e liberação de armas. 


É sabido por todos que o Brasil vive uma lamentável e doente polarização entre bolsonaristas e petistas, isso descamba numa rivalização desnecessária; coloca pessoas contra outras; fere o direito do outro; extrapola o direito da liberdade de expressão; coloca em risco terceiros. 

Nesse contexto, o Ministro Flávio, esta semana, entendeu que foi ameaçado por um parlamentar que proferiu a lamentável frase: “vem aqui tirar minha arma”; ocasião em que o Ministro deveria participar de audiência na Câmara dos Deputados.


Não há discussão quanto à inviolabilidade da fala de um parlamentar - é garantia constitucional -, entretanto, se qualquer dos representantes do povo exacerba sua atuação, especialmente, quando ameaça um bem jurídico tutelado pelo estado - a vida -, não se pode encarar com naturalidade; entendo que é preciso criminalizar tais atuações, pois, fere um direito humano básico - o direito à vida.  


E, abrindo um parêntesis, também esta semana um vereador do município de Cocal (no Piauí) ameaçou um jornalista com uma faca em punho (veja vídeos publicados em matérias anteriores).



VEJA MATÉRIA COMPLETA DO OCORRIDO NO ANO DE 1963

Faroeste Senado: o dia que o pai de Collor matou um parlamentar

Então empossado senador, Arnon de Melo não pensou duas vezes ao disparar contra um inimigo político em plena sessão

Leonardo Cruz - Brasil de Fato | Natal (RN) | 18 de Outubro de 2019 

Em 1963, a confusão no senado deixou um inocente morto, e dois inimigos políticos detidos

Em 1963, a confusão no senado deixou um inocente morto, e dois inimigos políticos detidos - Acervo Globo


Nos corredores e salas onde circulam o poder, nem sempre o dedo que está no gatilho volta atrás, como aconteceu com o ex-procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ao revelar o dia em que saiu de casa com o objetivo de assassinar o juiz do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes: “o dedo ficou paralisado”.


Em 4 dezembro de 1963, o senador Arnon de Melo, pai do ex-presidente Fernando Collor, puxou o gatilho em plena sessão do Senado Federal, na tentativa de atingir o seu desafeto político e pessoal, também senador, Silvestre Péricles que, na década de 1950, havia perdido a disputa eleitoral ao governo de Alagoas para Arnon de Melo. Uma conjuntura política acirrada, dois inimigos públicos e armas foram fórmula ideal para culminar numa tragédia.


Arnon elegeu-se senador em 1963. De acordo com a revista Manchete, a esposa e seus irmãos vieram à cerimonia de posse todos armados. Nos últimos quinze dias, a família havia se preparado: "exercitara o manejo das armas e o tiro ao alvo".


No início de dezembro, o clima agressivo havia chegado ao limite. No dia 4, Arnon de Melo pediu licença para direcionar sua fala "ao nobre senador Silvestre Péricles”, que o teria “ameaçado de morte". Silvestre gritou: "Canalha! Crápula! Cafajeste!", foi o momento em que Arnon sacou a arma e efetuou três disparos em plena sessão, atingindo o Senador José Kairala, do PTB do Acre, que havia sido recentemente empossado como suplente. 


Silvestre havia se desviado dos tiros e foi agarrado pelo Senador João Agripino (primo do nosso conhecido José), que impediu o disparo de resposta. Os dois inimigos foram detidos, o inocente senador José Kairala morreu cinco horas depois de ser atingido no abdômen. “O ódio velho não cansa”, dizia a conclusão da reportagem.


*Leonardo Cruz é historiador e mestre em História.
Edição: Isadora Morena

Fonte: Faroeste Senado: o dia que o pai de Collor matou um | Cultura (brasildefato.com.br)



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