
Mais de 14 milhões de mulheres que estão nas lavouras, comunidades
quilombolas e indígenas, nas reservas extrativistas são protagonistas da
agricultura familiar no Brasil - (Antonio Cruz/Arquivo Agência Brasil)
A Secretaria Especial de Agricultura
Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) lança hoje (23) em Brasília a
campanha internacional #MulheresRurais, mulheres com direitos. O objetivo é dar
visibilidade a essas mulheres e ao trabalho que desempenham para o
desenvolvimento socioeconômico e sustentável. “A mulher rural é a protagonista
do desenvolvimento sustentável. E é para isso que estamos trabalhando, para que
ela reconheça o seu papel”, disse a coordenadora de Políticas para as Mulheres
da Sead, Solange da Costa.
Segundo ela, as mulheres têm papel
fundamental na agricultura familiar e camponesa do país, mas não têm o
reconhecimento merecido. “Sofrem com o preconceito, com a desigualdade de
gênero e com tantos outros problemas que herdaram da vida. Ainda há um longo
caminho para o equilíbrio de direitos e oportunidades entre homens e mulheres”,
disse, acrescentando que é preciso avançar no reconhecimento do papel
fundamental das mulheres do campo para a vida de cada um dos brasileiros.
Mais de 14 milhões de mulheres que
estão nas lavouras, comunidades quilombolas e indígenas, nas reservas
extrativistas são protagonistas da agricultura familiar no Brasil, 45% dos
produtos são plantados e colhidos pelas mãos femininas. Segundo o Censo
Agropecuário de 2006, 12,68% dos estabelecimentos rurais têm mulheres como
responsáveis, bem como 16% dos estabelecimentos da agricultura familiar.
Segundo dados do Censo 2010, as
mulheres rurais são trabalhadoras, responsáveis, em grande parte, pela produção
destinada ao autoconsumo familiar e contribuem com 42,4% do rendimento
familiar. O índice é superior ao observado nas áreas urbanas, de 40,7%. “São
elas que garantem a produção dos alimentos, cuidam das sementes, do manejo
ambiental adequado, das águas, garantindo dessa forma a qualidade de vida na
família e sociedade”, disse a coordenadora da Sead.
Segundo a Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as mulheres rurais cumprem uma
série de funções-chave para a segurança alimentar regional, mas enfrentam altas
taxas de pobreza, insegurança alimentar e obesidade. Além disso, têm menos
acesso aos recursos produtivos como terra, água, crédito e capacitação, fatores
que impedem que as mulheres rurais da América Latina e do Caribe desenvolvam
todo o seu potencial.
Para Solange, ainda há muitos
direitos a serem conquistados por essas mulheres, mas a igualdade de gênero e a
autonomia para o desenvolvimento econômico são direitos que merecem atenção
especial. “O empoderamento valoriza e reconhece as mulheres rurais como
protagonistas do desenvolvimento sustentável e econômico do país. Ele é
importante para que as mulheres rurais se reconheçam como parte fundamental
desse processo”, disse.
A iniciativa é liderada pela FAO e
pela Reunião Especializada em Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf) e abrange
a América Latina e o Caribe. No Brasil, a Sead vai realizar ações e publicar
uma série de reportagens que darão visibilidade ao trabalho feminino no campo,
além de oficinas, encontros de capacitação e empreendedorismo feminino,
mutirões de serviço e atividades culturais.
“É por meio de suas próprias
histórias pessoais e coletivas que pretendemos mostrar a importância da mulher
como agricultora, geradora de renda e conhecimento, empreendedora, agente
ambiental, administradora, pacificadora do campo e tantas outras funções que
impulsionam a agricultura familiar e o desenvolvimento socioeconômico do país”,
afirmou Solange.
Edição: Graça Adjuto
Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil
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