POLÍTICA: em Paço do Lumiar (MA) obras nascem mais depressa que capim após chuva nas ruas do Maiobão
Que maravilha: em Paço do Lumiar, o prefeito Fred Campos conseguiu fazer em pouco mais de 11 meses que obras brotassem no solo “luminense” mais depressa que capim após chuva nas ruas do Maiobão. Repita-se: em apenas 11 meses de gestão, a prefeitura ostenta a façanha de ter “entregue” mais de 200 obras que, segundo comunicados oficiais e as redes locais de blogueiros sensíveis ao sorriso do prefeito, já a coloca no hall dos recordes maranhenses de produtividade municipal. Uma verdadeira primavera de bloquetes, praças e inaugurações em série.
Há, claro, a costumeira trilha sonora que acompanha todo espetáculo: fotos bem iluminadas, cortes de fita, legendas triunfantes e reels entusiastas nas redes sociais — a orquestra perfeita para transformar números em narrativa. E na partitura da “velocidade construtiva” há um forte contraponto institucional e que já se chamou de 18 MINUTOS: a entrosada parceria com o Governo do Estado (BRANDÃO) e o secretário de plantão para os assuntos municipalistas (MARCOS BRANDÃO), cuja presença tem sido lembrada com insistência nas notas oficiais. Uma aliança tão afinada que parece escrita à mão na pauta das inaugurações, até mesmo por que a vice-prefeita, atende pelo nome de MARIANA BRANDÃO. Tudo selado como tudo que embala a política estadual: um acordo familiar: BRANDÃO E CAMPOS
O que fica no ar é a seguinte indagação: ou a equipe administrativa deveria ser estudada em seminários acadêmicos sobre a eficiência na solução e condução dos destinos do erário — ou, outra real hipótese tem nome e rastros que, puxando bem, é apenas a ponta de um imenso iceberg: Mariana Brandão, cujo sobrenome é uma chancela para tudo dar certo.
Eis o ponto: a retórica do ‘fazer muito em pouco tempo’ combina lindamente com a estética do poder — mas esteticamente elegante não é, jamais, sinônimo de juridicamente irrepreensível. Obras são coisas sérias: têm projetos, processos licitatórios, cronogramas, medições, notas fiscais, fiscais e — por que não? — papelada suficiente para encher uma biblioteca. Quando essa papelada some, atrasa ou é explicada por “urgência” e “parcerias”, o jornalismo democrático apenas se aproxima do prontuário público para checar se a sinfonia tem partitura.
Por outro lado, todo esse enredo de sucesso administrativo tem elementos de suspense: denúncias de irregularidades em licitações e perguntas sobre a transparência dos gastos que acompanham esse enorme conjunto de obras. Não é exatamente ‘spoiler’ dizer que onde há inauguração em série e pressa administrativa existe um espaço fértil para questionamentos técnicos e auditorias futuras e um ministro do STF que ainda lança olhar fixado no antigo parceiro de chapa.
Portanto, a questão que fica — e que a cidade merece ouvir em alto e bom som — não é só quantas praças foram inauguradas, mas como, por quem e com que controlos foram autorizadas. Que empresas são agraciadas. Até porque escândalo é palavra pesada; igualmente pesado, porém, é o silêncio administrativo diante de perguntas simples: quem fiscalizou? Houve licitação? Qual foi o critério das concorrências? Houve competição real ou apenas contagem regressiva para a assinatura? Perguntas chatas, sim — mas muito úteis quando o assunto é dinheiro público.
Se o leitor preferir pensar positivo, imagine um futuro onde todas as respostas saem rápidas, transparentes e com notas fiscais anexas. Se for mais afeito ao espírito investigativo, prepare o cafezinho: a combinação de inaugurações relâmpago, laços políticos visíveis com o governo do Estado e pulso acelerado nas obras costuma ser o prenúncio de pautas longas e episódios que terminam em auditorias, demandas e — eventualmente — muita explicação em órgãos de controle. Porque, no fim, inaugurar é fácil; prestar contas é arte mais difícil — e bem menos fotografável.
Que venha, então, a segunda parte dessa história: que os holofotes sobre o “milagre das obras” também iluminem os processos, os contratos e os comprovantes. Só assim a cidade poderá saber se o capim que brotou é de jardim público plantado com cuidado — ou se apenas floresceu sobre um terreno já famosamente sensível a fiscalizações.
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