O DELTA DO PARNAÍBA: Um Patrimônio Natural da Humanidade em Potencial



Imagem: Divulgação



Hoje, 26 de julho, o Maranhão celebra com orgulho a inclusão dos Lençóis Maranhenses como Patrimônio Natural da Humanidade, um título certificado pela UNESCO em Nova Déli, na Índia. Este reconhecimento ressalta a importância de valorizar e preservar as belezas naturais do nosso estado. O governador do Maranhão, Carlos Brandão, anunciou que este é um momento de orgulho para todos os maranhenses, pois o estado agora possui dois patrimônios naturais da humanidade: os Lençóis Maranhenses e o centro histórico de São Luís.

A beleza arquitetônica e cultural de São Luís já é reconhecida mundialmente. A cidade, com suas construções singulares e históricas, com frequência, recebe recursos para a recuperação desta riqueza, mantendo viva a lembrança da cultura colonial. Este patrimônio atrai visitantes de todo o mundo, fascinados pelas construções tombadas e pela rica história.

Os Lençóis Maranhenses, há muito descobertos por turistas internacionais, ganharam notoriedade após ser usado para gravação da novela "O Clone" em 2001, que trouxe uma enxurrada de visitantes curiosos e garantiu seu reconhecimento como patrimônio mundial. Este título, concedido rapidamente pela UNESCO, destacou a importância do local e a eficiência do governo em promover sua candidatura.

Inspirado por este sucesso, o governador Carlos Brandão expressou sua intenção de candidatar o Delta do Parnaíba como Patrimônio Natural da Humanidade. Se bem-sucedido, o Maranhão será o único estado brasileiro a possuir três patrimônios naturais da humanidade.

O Delta do Parnaíba, no entanto, ainda carece de visibilidade global, algo que pode ser corrigido com uma maior promoção midiática, mostrando ao mundo suas singularidades.

O Delta do Parnaíba não é apenas um acidente geográfico, é um estilo de vida único, incomum em todo o planeta. A região é conhecida pelos rios que se cruzam como estradas, criando paisagens fascinantes, especialmente nas proximidades da cidade de Água Doce do Maranhão, local conhecido como "Quatro Bocas" devido às suas duas vias fluviais cruzadas, produzindo quatro vias fluviais a partir do ponto de convergência.

Durante o dia, as aves de plumagem vermelhas chamadas guarás, em bandos, cortam os céus por todo arquipélago, no cair da noite, colorem as florestas, num balé colossal, buscando o melhor lugar para pernoitar. O espetáculo se torna ainda mais belo quando se mistura à brancura espumante das garças, criando um cenário de cores incomparável, num espetáculo mundialmente conhecido por Revoada dos Guarás.

No Delta do Parnaíba, encontramos métodos de pesca únicos, como a pescaria de "tapagem de igarapé", onde, durante a maré alta, os pescadores criam barreiras improvisadas para capturar peixes que tentam escapar na maré de vazante saltando sobre a tapagem e lá do outro lado, em vez da água eles encontram uma rede aberta sobre o rio, aparando-os antes que eles cheguem ao seu destino. Além disso, as mulheres pescadoras aproveitam as marés baixas para capturar camarões com as mãos, um método tradicional que reflete a riqueza cultural da região.

O Delta do Parnaíba também é repleto de histórias dos seus primeiros habitantes, os índios Tremembé, e banha diversas cidades, incluindo Tutóia, Parnaíba, Luís Correia, Água Doce do Maranhão, Araioses, Ilha Grande de Santa Isabel. É também o lar do maior manguezal da América Latina, berçário de milhares de espécies.

Em suma, o Delta das Américas, como é conhecido, ainda não é um Patrimônio Natural da Humanidade, não por falta de beleza, mas por falta de reconhecimento. É urgente que as autoridades reconheçam o valor deste paraíso natural na foz do rio Parnaíba e trabalhem para sua candidatura junto à UNESCO. Convocamos, portanto, as autoridades e a sociedade civil a se unirem em prol deste objetivo, garantindo que o Delta do Parnaíba receba o reconhecimento e a proteção que merece, promovendo sua preservação.


Texto: Professor Antonio da Luz, colunista do Blog

Comentários