ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS COMPLETA 40 ANOS

ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS COMPLETA 40 ANOS

 

Postagem de Antonio Gallas 

No próximo mês de julho a Academia Parnaibana de Letras completa 40 anos . Criada em 28 de julho de 1983 por iniciativa do bravo e inteligente  Jornalista José Pinheiro de Carvalho - o "Moço do Piauí", a instituição vem cumprindo com seus objetivos dentre os quais o estudo e a cultura da língua portuguesa regional,  o desenvolvimento literário, científico, filosófico e artístico de Parnaíba, formação de acervos bibliográficos e disposição para consulta pública, bem como apoios necessários às bibliotecas do município .


Desde sua criação e instalação em 19 de outubro do mesmo ano com apenas 30 cadeiras,  importantes personalidades do mundo das letras, do jornalismo,  da história, das artes e de outros ramos ligados à cultura local deixaram suas marcas registradas nos anais da Academia ao  tornarem-se imortais.


Seguindo a tradição das demais academias, o sodalício deve ser composto por 40 cadeiras. Assim, na administração do então presidente Lauro Andrade Correia às 10 cadeiras restantes  começaram a ser ocupadas a partir de 1989 como ocorreu em 20 de outubro, que,  em festiva solenidade no auditório do Centro Recreativo Ranulpho Torres Raposo - SESC - Beira Rio, a  professora Ligia Gonçalves de Carvalho Ferraz,   tomou posse na cadeira de nº 31 que tem como patrono o político parnaibano José Pinheiro Machado.


Dos sócios fundadores que ocuparam as primeiras 30 cadeiras, ainda estão  vivos   Alcenor Candeira (cadeira nº 06),  Anchieta Mendes (cadeira nº03)      e  Antonio Augusto do Reis Velloso ( cadeira nº 19).

Foto Histórica da  criação da APAL. Sentados: José Pinheiro de Carvalho, Maria da Penha e Alcenor Candeira. Em pé: Fonseca Mendes, Fontes Ibiapina e Anchieta Mendes.


Da fundação e instalação do sodalício,  101 personagens da cultura de nosso estado, parnaibanos, piauienses ou não, imortalizaram-se ao tomar posse e vestir o manto  da Academia Parnaibana de Letras - APAL denominada de Casa de João Cândido.  


Minha posse na APAL em 12/05/2017. Pronunciando meu discurso já com o manto acadêmico.


SOBRE ACADEMIAS

Em artigo   publicado no Jornal "O Dia" de Teresina, na data de 29/06/1988,  o ilustre acadêmico, imortal e membro da Academia Piauiense de Letras,  professor Arimateia Tito Filho,  escreveu o seguinte:


"Deixemos de lado outras academias que nasceram e não floresceram na antiguidade dos tempos. Façamos referência a Academia Francesa, criada pelo cardeal Richelieu, com as suas quarenta poltronas, e que se tornou modelo de quantas se foram fundando com os mesmos objetivos e vaidades. Cheguemos ao Brasil. Aqui, na segunda capital do país, nos últimos tempos do século passado, a fina flor dos literatos residentes no Rio, deliberou estabelecer uma sociedade de defesa da língua e desenvolvimento cultural, denominada Academia Brasileira, depois conhecida como Academia Brasileira de Letras, cuja primeira presidência muito valorizou o grêmio, pois confiada a Machado de Assis. Antes dela os cearenses, sempre espertos, puseram em funcionamento a Academia Cearense de Letras, que desapareceu e anos mais tarde reapareceu.

 

A Academia Brasileira frutificou em academias estaduais. Cada unidade da Federação foi instituindo a sua, com o aproveitamento da prata da casa. Nelas se congregavam os principais homens e mulheres dedicados à vida literária ou expressões eloqüentes dos diversos ramos do saber humano, na medicina, na engenharia, no direito, no magistério. Esses clubes gozavam do apreço e da consideração do poder público e da coletividade, que delas recebiam cooperação freqüente nos assuntos culturais.

 

Passavam-se os anos e as entidades acadêmicas mais se prestigiavam e os seus membros se projetavam na admiração e no respeito geral. De uns vinte anos e esta parte, porém, a excessiva vaidade humana iniciou o processo de parir academias, grêmios e sociedades literárias por tudo quanto biboca haja neste Brasil de asnices internas, dívidas externas e besteiras permanentes. Existem academias de letras por todos os lugares, clubes de poesias, agremiações de oratória, ateneus, institutos, com os seus quadros de sócios nos quais figuram os mais variados tipos: analfabetos, alfabetizados, débeis mentais. Da acima do meio da canela a quantidade de sócios, sócios beneméritos, sócios honorários e correspondentes. Outro dia fundaram a Academia Pindurassaiense de Letras ou mais esclarecidamente a Academia de Letras do Arraial de Pindura Saia, nos confins do Mato Grosso do Sul.

 

Chegaria a época mais triste de quantas arapucas se vão criando: a fase dos negócios rendosos. O ingresso da pretensa sumidade literária custa dinheiro, com dinheiro se cobra pelo diploma respectivo. Já estão distribuindo títulos de sócio benemérito, honorário e correspondente cada um de preço especial. A produção livresca estarrece. Há hoje nessa vastidão brasileira uma subliteratura que rebaixa o país a níveis da imbecilidade. Fabricam-se poesias por toneladas. Abundam poetas, críticas, contistas. O grande Marcuse dizia que três forças dominavam a sociedade: a econômica, a política, a de inteligência. Pois esta última está na moda: ser ESCRITOR dá prestígio, portas abertas, importância. Leio em jornal do sul que um subúrbio de Uberaba em Minas, chamado Pau Fincado, fundou a Academia de Letras dos Marginais. Talvez seja um respeitável centro das atividades do país."


Deixemos de lado outras academias que nasceram e não floresceram na antiguidade dos tempos. Façamos referência a Academia Francesa, criada pelo cardeal Richelieu, com as suas quarenta poltronas, e que se tornou modelo de quantas se foram fundando com os mesmos objetivos e vaidades. 


Cheguemos ao Brasil. Aqui, na segunda capital do país, nos últimos tempos do século passado, a fina flor dos literatos residentes no Rio, deliberou estabelecer uma sociedade de defesa da língua e desenvolvimento cultural, denominada Academia Brasileira, depois conhecida como Academia Brasileira de Letras, cuja primeira presidência muito valorizou o grêmio, pois confiada a Machado de Assis. Antes dela os cearenses, sempre espertos, puseram em funcionamento a Academia Cearense de Letras, que desapareceu e anos mais tarde reapareceu.

 

A Academia Brasileira frutificou em academias estaduais. Cada unidade da Federação foi instituindo a sua, com o aproveitamento da prata da casa. Nelas se congregavam os principais homens e mulheres dedicados à vida literária ou expressões eloquentes dos diversos ramos do saber humano, na medicina, na engenharia, no direito, no magistério. Esses clubes gozavam do apreço e da consideração do poder público e da coletividade, que delas recebiam cooperação frequente nos assuntos culturais.

 

Passavam-se os anos e as entidades acadêmicas mais se prestigiavam e os seus membros se projetavam na admiração e no respeito geral. De uns vinte anos e esta parte, porém, a excessiva vaidade humana iniciou o processo de parir academias, grêmios e sociedades literárias por tudo quanto biboca haja neste Brasil de asnices internas, dívidas externas e besteiras permanentes. Existem academias de letras por todos os lugares, clubes de poesias, agremiações de oratória, ateneus, institutos, com os seus quadros de sócios nos quais figuram os mais variados tipos: analfabetos, alfabetizados, débeis mentais. Da acima do meio da canela a quantidade de sócios, sócios beneméritos, sócios honorários e correspondentes. Outro dia fundaram a Academia Pindurassaiense de Letras ou mais esclarecidamente a Academia de Letras do Arraial de Pindura Saia, nos confins do Mato Grosso do Sul.

 

Chegaria a época mais triste de quantas arapucas se vão criando: a fase dos negócios rendosos. O ingresso da pretensa sumidade literária custa dinheiro, com dinheiro se cobra pelo diploma respectivo. Já estão distribuindo títulos de sócio benemérito, honorário e correspondente cada um de preço especial. A produção livresca estarrece. Há hoje nessa vastidão brasileira uma subliteratura que rebaixa o país a níveis da imbecilidade. Fabricam-se poesias por toneladas. Abundam poetas, críticas, contistas. O grande Marcuse dizia que três forças dominavam a sociedade: a econômica, a política, a de inteligência. Pois esta última está na moda: ser ESCRITOR dá prestígio, portas abertas, importância. Leio em jornal do sul que um subúrbio de Uberaba em Minas, chamado Pau Fincado, fundou a Academia de Letras dos Marginais. Talvez seja um respeitável centro das atividades do país."

 A. Tito Filho, 29/06/1988, Jornal O Dia

FOTO HISTÓRICA do acervo de Monica P. Carvalho



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