CRÔNICA: Na política é preciso enxergar mais que um palmo adiante do nariz…


É preciso “enxergar um palmo adiante do nariz”. É preciso compreender o momento. O momento atual é outro É o momento em que um digital influencer ganha seguidores postando uma situação pontual e até mesmo insignificante do ponto de vista político administrativo, mas a repercussão negativa nas telas de todos os smartphones é imensurável. É o tempo das fake news.  


Boa parte daqueles influenciados mal sabem o que realmente aquilo significa ou qual o grau de importância político-administrativa. O importante é entrar na “onda”. As oposições vibram em silêncio. 


Essa “onda” ganha tamanho e pode rebentar na cara do administrador e quebrar seu equipamento de continuidade.


É um barco com vários comandos. Aliados espertos percebem o grau de incoerência, arrogância e incapacidade com que seus superiores conduzem o barco, mas não se atrevem a argumentar contra, pelo contrário, elogiam. Chegam, inclusive, a ludibriá-los e os fazem acreditar na sua lealdade, quando no fundo no fundo estão sendo bajuladores-sugadores.


Outros agregados começam a sentir vergonha de ter seu nome ligado ao líder-governante e silenciam. Afastam-se aos poucos, deixam de participar de eventos do governo. Ficam na retaguarda. 


As oposições agem na surdina. Tentam minar o campo governista. Colocam olheiros. Tem informações privilegiadas. Mas, o governo crê que as oposições não as tem. Ledo engano. 


Difícil compreender o cenário do lado de fora quando se está encastelado. Por vezes, alguns dos “de dentro” não permitem que informações reais dos eventos externos cheguem ao chefe. “O isolamento bloqueia o acesso a informações valiosas”. 


Alguns dos desses "aliados" veem e deixam o caos seguir. Aliás, apostam exatamente nos erros para poder surgir a possibilidade de se apresentarem futuramente como os novos líderes. É um jogo de derruba-derruba. E há os que lucram muito com os erros. 


Por vezes, para alguns, é difícil compreender porque um ex pode voltar. Volta exatamente porque o povo os compara. O povo compara erros, acertos, tratamentos. A conclusão é simples: “vamos colocar o menos pior”. É uma avaliação precipitada e momentânea, obviamente, sem nenhum raciocínio crítico. Sem qualquer critério que não seja a insatisfação do momento. 


O comandante do barco, no cenário de lideranças para compor o grupo-governo, faz escolhas erradas. Não avalia quem melhor pode contribuir. Até os chamam de aliados, mas não confia. Vive-se, portanto, um eterno cenário de desconfiança de ambos os lados. Talvez seja um erro crasso pensar assim. Por vezes, um ex opositor pode ser o melhor amigo político e ajudar mais que falsos aliados. Mas, é preciso saber enxergar. 


Mexidas erradas gera impopularidade. Concessões extemporâneas também.


Há líderes naturais que conservam seus seguidores independentemente de que lado eles estejam, acreditam na causa. É preciso observá-los.     


Para os incautos, há uma lição do clássico “As 48 leis do poder” que diz: "Não confie demais nos amigos e aprenda a usar os inimigos. Os amigos, rapidamente, o trairão. Portanto, contrate pessoas que, no passado, se colocaram como seus inimigos ou rivais: eles serão mais leais”. 


Na política como na vida “não existe almoço grátis: o que é oferecido gratuitamente pode, no fim das contas, sair muito caro”.





Elivaldo Ramos.

24.02.2023 





 



 


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