Publicado originalmente em 07 de abril de 2018, por Euges Lima*
No mês de janeiro, o médico Lucas Cardoso Veras Neto, residente em
Brasília, homônimo e neto de um antigo prefeito de Tutóia, o coronel Lucas
Veras, andou visitando o município, buscando vestígios que lembrasse o ilustre
avô e seu legado político e administrativo. Encontrou na cidade o hospital
municipal que fora batizado com o nome do antigo político e que o imortalizara
para a posteridade.
Meus pais conheceram o coronel Lucas Veras, eles sempre contam histórias
sobre ele e sua época. Para as novas gerações, esse é apenas o nome do único
hospital da cidade, quase nada se sabe ou se escreveu sobre esse prócer da
política tutoiense.
Lucas Cardoso Veras era filho do coronel e comerciante Caetano Alves
Cardoso Veras e pai de Magno Cardoso Veras. Possivelmente chegou em Tutóia como
agente do Loide Brasileiro, uma das principais companhias de navegação do
Brasil na época.
Em 1917, Lucas Veras, já era vereador em Tutóia e nesse ano, teve seu
mandato cassado, sob o pretexto de acúmulo de cargo, numa suspeitíssima sessão
da Câmara, considerada clandestina, pois deixou de fora vereadores de oposição.
A acusação foi refutada pelo parlamentar que considerou o ato como perseguição
política do grupo dominante, liderado pelo coronel Paulino Neves.
No pleito seguinte, Lucas Veras é novamente eleito vereador para a
legislatura 1919/1921, formada pela seguinte composição: Anízio Neves
(presidente); Lucas Veras (vice); Sabino Conceição; Demétrio Cerveira e
Francisco Rodrigues. Era intendente, Euclides Gomes Neves e vice-indendente,
Antônio Carvalho.
Demétrio Cerveira, que depois receberia a patente de Capitão da Guarda
Nacional, o “Capitão Demétrio”, natural do “Barro Duro” - um dos distritos mais antigos de
Tutóia - foi homenageado pela municipalidade
com nome de Rua em Tutóia e Barro Duro, era comerciante e político de confiança
do grupo de Paulino Neves, assim como Sabino Conceição. Demétrio exerceu vários
mandatos como vereador, chegando a ser presidente da Câmara. É nosso parente,
Tio do meu avô materno, Antônio Silva, portanto meu Tio bisa-avô.
Por ocasião da indicação de Urbano Santos para vice-presidente da
República (1921), o primeiro vice-presidente da República, maranhense, Sarney
foi o segundo, o Jornal Diário de São Luís, noticia uma festa promovida por
Lucas Veras em sua casa para comemorar o fato. Ele era um político articulado
com grandes lideranças da politica maranhense, como Urbano Santos, senador
Costa Rodrigues, entre outros. Ele gozava de prestígio em São Luís, inclusive
na imprensa, sempre tendo sua estada na capital, registrada nos jornais e
sempre citado como político operoso e influente em Tutóia.
Com a ascensão de Vargas ao poder em 1930, uma das políticas desse novo
governo era escantilhar os velhos coronéis, renascentes da República Velha,
nesse sentido, em Tutóia, isso aconteceu com o coronel Paulino Neves que
perdera seu domínio político, sendo substituído por outras lideranças, como
Lucas Veras e Celso Fonseca, este último, interventor em Tutóia durante o
Estado Novo (1937/1945).
Lucas Veras que já vinha de uma militância antiga como vereador, assumiu
a prefeitura de Tutóia em vários momentos, a primeira vez na primeira metade da
década de 1930 pelo PSD, partido do qual era presidente. Depois em um breve
período entre 1945/1946 e por fim, já no período da redemocratização, foi
eleito prefeito pelo PST para o mandato de 1948 a 1952, quando encerra sua
carreira política.
* Professor
de história, historiador, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do
Maranhão (IHGM), sócio correspondente do IHGC, sócio correspondente do
Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), membro do CIJVS
(Portugal) e membro titular do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão.
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