Parte II
imagem da internet
Anteontem (18), eu conversei com um turista suíço que
visitava Tutóia, e, por acaso, é professor no seu país. Dialogamos sobre muitas
coisas do seu país e do meu país: política, educação, geografia, etc.
Quando conversamos sobre a Educação um dos pontos que dialogamos
muito foi sobre remuneração do profissional, ele afirmou-me, o salário de um
professor por lá custa em média 8 mil dólares/mês, enquanto por aqui - eu disse
a ele, não chega a mil dólares/mês. Logo se vê uma enorme disparidade.
Quando perguntei sobre a formação do professor, o suíço me
disse que os professores por lá para ingressarem na docência devem ter mestrado
em área específica – a sua é História, e uma especialização em Pedagogia. Eu
disse que “para as bandas de cá”, a formação mínima ainda era o Médio/Normal ou
Licenciatura em área específica.
Sobre a jornada de interação com os educandos me afirmou que
uma aula na Suíça dura apenas 45 minutos.
Após essa conversa eu fiquei pensando quão distante estamos
da realidade deles e o que nos falta para perseguirmos a excelência no resultado
do ensino e da aprendizagem.
Pois bem tratando de nosso município, nos últimos cinco anos,
os números oficiais que medem a qualidade da Educação de Tutóia mostram
estagnação. Quando observamos o IDEB, como parâmetro, dos anos 2015 e 2017,
temos a confirmação de que estamos estacionados, especialmente nas séries
finais do Ensino Fundamental, veja a imagem abaixo.
Em 2015, a meta projetada era de 4,1 e atingimos apenas 3,6.
Em 2017, a meta projetada era de 4,4 e atingimos 3,9. E a meta projetada para
2019 é de 4,6.
Tenho dúvidas se conseguiremos atingir a meta prevista para
2019, considerando que iniciaremos mais uma vez o ano com severos problemas:
atraso no início do ano letivo, transferências inexplicáveis de profissionais
de uma escola para outra, indefinição da jornada (horas aulas semanais), mudança
de jornada dos servidores administrativos de 6 horas corridas/diárias para 8
horas/diárias, manifestação de insatisfação dos servidores com as medidas
adotadas, entre outras. E, essa situação não me deixa dúvidas que a Educação
mais uma vez não progredirá. Almejo, eu, está errado!
No momento em que se fala de Plano Nacional de Educação e
Plano Municipal de Educação que traz metas que tratam da valorização do
magistério, Tutóia parece seguir na contramão. Pois esta meta já está vencida e
nada fora feito, meta 16 do PME de Tutóia, Lei nº 210 de 18 de junho de 2015.
Quando vários municípios tratam de fazer investimentos
complementares em esporte combinado com a escola, na melhoria da estrutura
física das escolas, Tutóia sequer nos apresenta um plano do que fazer para os
próximos anos, pois lamentavelmente, nos últimos dois não ter construído nenhuma
escola ou mesmo ter realizado reformas nas existentes, diga-se de passagem
quase 100% delas em situação precarizada.
Para tentar justificar algo, especialmente porquanto do
exercício do magistério, o que se ouve é vitimismo tanto do governo quanto de alguns
profissionais. Há quem diga, não há recurso para isso ou para aquilo. Doutro
modo, há os que afirmam, há recurso sim para garantir que, aomenos, o essencial
seja garantido na educação municipal. Eu digo: não há necessidade de usar do
vitimismo nem de um lado e nem do outro. Necessário, se faz, o comprometimento
de todo o corpo docente e não somente de alguns, e, o comprometimento do
governo em garantir a observância de direitos e deveres inerentes à classe.
Especialmente, do governo, imprescindível, o compromisso e a
obrigatoriedade de gestar com responsabilidade a pasta, haja vista, a Educação
é a porta para o crescimento do ser humano em vários aspectos pessoais e
profissionais.
Alguns vão encarar este post como crítica ao governo e aos
profissionais. Eu digo, é apenas inquietação de um professor que reconhece
falhas no nosso ensino envolvendo os vários atores do processo educacional, mas
anseia por melhorias e avanços.
Países como China usam da meritocracia para fazer o ensino
avançar. Vários municípios no Brasil também. Mas, qual o plano para o nosso
município?
Quem chegou à leitura até aqui vai perguntar: mas o que
fazer? Qual a receita para melhorar? Honestamente, penso que não há receita. Há
que se pensar em fazer educação conjuntamente: governo, profissionais e
comunidade. Para tanto, penso, a categoria organizada pode fazer sugestões ao
governo de uma gestão possível na educação tutoiense.
Penso ainda, suscitar discussões em cada comunidade escolar
poderiam ser levantadas e metas serem traçadas, seguindo, obviamente, o que já
está previsto na legislação (PME, Documentos Norteadores, etc).
E, finalizo, tenderemos a lograr resultados educacionais insatisfatórios
no nosso município ao final do ano de 2019, no sentido plural do processo, se seguirmos
com o modelo desusado, que perdura, herdado dos anos anteriores. Não precisamos
inventar, precisamos agir.
Elivaldo Ramos, professor da rede pública de Tutóia.
]Ler esse texto será muito bom: http://primeirainfancia.org.br/gustavo-ioschpe-o-que-podemos-copiar-da-educacao-chinesa/
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