Tutóia: “Tô vendo tudo, mas bico calado faz de conta que sou mudo”

Vou repetir aqui [com algumas alterações] uma postagem de 11 de agosto de 2011. Mudou alguma coisa?

Faz alguns dias e fuçando a net em busca de letras de músicas pra dinamizar minhas aulas de Geografia. Pra minha surpresa, encontrei a música: "O meu País" de Flávio José, Nordestino Lutador (título do seu CD). Ouvi, refleti, comparei...

E nessas comparações me pareceu, o autor, dizer da minha cidade. Você, leitor, poderia dizer: _ Sim, aqui também é Brasil! Mas parece que a música foi composta baseada na realidade de minha Tutóia. Aí, digo as palavras do cantor pode ser minha cidade, mas com certeza não é a cidade que eu quero criar meus filhos, viver e dizer que vivo feliz. Assim, tomei a liberdade de, com trechos da canção, repudiar alguns fatos de nossa realidade atual.

Uma cidade onde a “escola não ensina”, não ensina, porque está sem rumo, temos gestão que engatinha ainda querendo acertar o caminho da gestão de qualidade.

Uma cidade onde os “homens confiáveis não tem voz, não tem vez... mas, corruptos tem voz, vez e respaldo” de muitos que não sabem qual o bem pra nossa gente.

Uma cidade que não “pode esconder a cicatriz de um povo de bem que vive mal”.

Uma cidade onde só se tem água da chuva e de poços comprometidos, mas milhões estão descritos em placas de melhoria de abastecimento. E, até o momento nada feito. 

Uma cidade onde nem mesmo o futebol tem vez nesses dias infelizes, e o esporte alegra, aviva a alma, o sonho...

Uma cidade onde se morre de “mau jeito” por “atraso geral da medicina”. Um centro cirúrgico que há anos não funciona. Um raio-x que não pode ser feito porque falta o equipamento. Ou falta gestão?

Uma cidade que dizima o seu riacho descoberto, que no leito a areia,[pra bloquetes], se explora. E outras dezenas de riachos e rios de Tutóia estão à míngua, estão perto da morte, também por falta de política pública de meio ambiente que volte os olhos para eles. 

Uma cidade onde as “Leis são descartáveis”, pois algumas causas recebem o julgamento que a mim, mesmo sem conhecimento profundo jurídico, não parece acertado. Há ações para pagar TFD-Tratamento Fora do Domicílio. 

Uma cidade onde a “grileiros” de fora se entregam os terrenos que poderiam dar lugar a escolas e moradias. Empresas estão "se apossando" do nosso espaço [muitas com anuência de alguns].

Uma cidade onde se perdeu o valor moral e aprendeu a falar pedofilês “aderindo à total vulgaridade”. Segundo a Polícia Civil somente este ano foram registrados mais de 70 reclamações sobre estupro a vulnerável. 

Uma cidade com “uma elite sem Deus domina”. Pode ser a cidade de quem quiser, mas sem dúvida não é a minha cidade.

Zé Geraldo também diz: “Tudo isso acontecendo, pois, os comandantes loucos ficam por aí queimando pestanas, organizando batalhas”. E o povo sofrendo com os escombros.

Daqui há alguns meses haverá eleição e como muitos dizem: _ Muitos que se intitulam salvadores da pátria vão lhe confundir a cabeça. Então, acho que chegou a hora de amadurecermos e, não digo saber escolher, mas somar a sua força pra mudar.

E, se me permitem fazer mais uma citação, o Sociólogo Montesquieu do período iluminista, divulgou a ideia de dividir o poder em poderes: legislativo, executivo e judiciário, estes deveriam ser independentes em suas decisões pro bem social, e, únicos nessa mesma finalidade, hoje, no entanto, acabam por fazer, em certa medida, vista grossa, quase que protegendo o parceiro. 

E, mais, Montesquieu afirmou “só o poder limita o poder”. O que me faz pensar e afirmar que pra mudar é preciso o povo ser poder algum dia. Será que política é mesmo somente pra corruptos? Ou precisamos [nós, povo] nos apoderar desse espaço de poder?

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