História Viva de Tutóia do Delta: Porto da Salina, cidade de Paulino Neves

Hoje trago nesta publicação mais um fragmento da história de Tutóia. Um escrito do Padre Hélio Maranhão, que escreveu para o “Jornal do Maranhão”, em 2 de agosto de 1964, páginas 3 e 4, com o título: História Viva de Tutóia do Delta: Porto da Salina, cidade de Paulino. 


Recorte da página do Jornal. 



O texto abaixo é uma transcrição fiel do original.


“Mais de um século se passou. Em 1891 a Mayrim dos Padres Jesuítas, então Vila Viçosa, já era sede do termo de seu nome e da freguesia de Nossa Senhora da Conceição. Numa bela planície, a 12 quilômetros do mar, às margens do Banguê, a Vila possuía já uma enorme praça, 4 ruas, 4 travessas, 4 becos, 10 casas de comércio, “de secos e molhados”, uma igreja Matriz, um cemitério por detrás da igreja, 3 cadeiras de curso primário, uma Intendência, uma Coletoria e uma Agência de Correios.


O patrimônio real da Câmara era colossal,  em terras e possessões distintas.  Vão aqui alguns dos nomes que ainda hoje correm na boca popular:  terras da Fazenda do Lago, do Buriti Medonho, do Salgado, da Ilha Grande e das ilhas de São Cosme, Canindé, Zé Correia e do Pontal,  cujos títulos se perderam na Revolução de 1839, quando rebeldes, salteadores e bandoleiros assolaram a região e saquearam a Vila, transformando-a num palco de sangue e de fumaça, de vingança e vandalismo.


A população do município em 1891 era de 4.112 habitantes, sendo 4.058 livres e 54 escravos. Havia um pelotão de Infantaria, da Guarda Nacional e nele se destacavam vultos eminentes como o Coronel Paulino Gomes Neves, Coronel Eusébio Gomes de Ataíde, Capitão Sabino Conceição, Inácio Gomes de Almeida, Bernardo Antonio de Ataíde, Antonio Nunes de Almeida, João José das Neves e Doroteu de Almeida Portugal. 


Foi nesta época em 1892, que o Coronel Paulino, homem desacuado e progressista, político não de interêsses pessoais mas de visão comum dos problemas, com o objetivo de estabelecer contato direto com os demais portos do país, mudou-se de Tutóia dos Índios, então Vila Viçosa e se estabeleceu à margem esquerda do rio Comum, criando assim o comêço da cidade de Tutóia, no Pôrto da Salina. 


Dotado de uma vontade férrea e seriamente empenhado no progresso da terra, conseguiu o bravo bandeirante de Tutóia, em 1895, a mudança das repartições públicas para o povoado do Pôrto, e, com isto, uma porção de famílias abandonou Tutóia dos Índios que passou, desde então, a ser conhecida com o nome de Tutóia Velha. Uma década depois, em 1901, a povoação do Pôrto da Salina foi elevada à categoria de Vila com o nome de Tutóia Nova ou simplesmente Tutóia. 


Sob o comando valoroso dêste grande político, Tutóia veio crescendo até que, em 1938, graças ao seu denodado senso público, a vila passou à categoria de cidade. 


A vida dêste homem foi tôda ela um calendário de amor e de dedicação à terra e ao povo. O ilustre paladino de Tutóia, falecendo em 1941, deixou uma cidade próspera, venturosamente marcada pela sua presença de homem público, exemplo vivo de consagração à causa de um povo, capaz de empolgar os homens de hoje, bem como a juventude do Delta que desperta e ouve falar de um nome que é um símbolo de progresso, um padrão de trabalho e um sinal de honradez. Honra ao mérito na pessoa de sua querida espôsa, D. ZUZA, monumento venerável de tôda a família e álbum vivo das tradições da terra e do povo de Tutóia. Esta, a cidade de Paulino Neves.” 


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