Waldir falou com doleiro de dentro dos Leões no governo Roseana

Deputado Waldir Maranhão (PP-MA)Alçado à cadeira de presidente da Câmara com a decisão do Supremo Tribunal Federal de afastar Eduardo Cunha, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) é um legítimo representante do baixo clero do Congresso Nacional. Aliado de Cunha, a quem já prestou alguns valiosos favores – como assinar despachos destinados a retardar o processo de cassação do peemedebista -, a última vez que Maranhão teve seus minutos de fama foi na votação do impeachment de Dilma Rousseff. Ele era tido, até então, como voto certo pela saída da presidente. Mas, de última hora, cortejado pelo PT e convidado a visitar o bunker montado pelo ex-presidente Lula em um hotel de Brasília, mudou de lado. Com a sessão já em curso, e ladeado por próceres petistas, Maranhão correu para anunciar que votaria contra o impeachment. Ele é conhecido como um político que, digamos, não desperdiça oportunidades. Não por acaso, e a despeito da amizade com Eduardo Cunha, na quinta-feira ele não se fez de rogado quando surgiu a chance de substituí-lo: tão logo saiu a liminar do ministro Teori Zavascki, correu para ocupar o gabinete do amigo.
Veterinário por formação, e no exercício de seu terceiro mandato de deputado federal, Maranhão foi eleito vice-presidente da Câmara em fevereiro do ano passado. Junto com Cunha. E com a bênção de Cunha. Como um parlamentar atento a oportunidades, Maranhão, claro, não deixou o petrolão passar batido – e, por isso, integra o extenso rol de excelências investigadas pela Operação Lava Jato: está entre as dezenas de deputados e senadores que, em troca de apoio ao governo, recebiam do doleiro Alberto Youssef parcelas regulares da propina oriunda dos desvios na Petrobras. Como um parlamentar atento a oportunidades, Waldir Maranhão aparece enredado em outras histórias comprometedoras que também estão sob a lupa das autoridades. Uma delas, repleta de provas robustas, está em poder da Procuradoria-Geral da República há pelo menos dois anos. Diz respeito à parceria entre Waldir Maranhão e um conhecido doleiro de Brasília, Fayed Traboulsi.
Fayed comandava, na capital da República, um esquema de corrupção paralelo à rede de Youssef no petrolão. Por vezes, a dupla de doleiros fazia parcerias pontuais. Como Fayed mantinha suas operações em Brasília, nas emergências o paranaense Youssef utilizava seus serviços – o esquema brasiliense funcionava como uma espécie de sucursal do banco clandestino do operador do petrolão. Em comum, sempre, a ligação estreita entre os doleiros e personagens do mundo da política. Fayed, porém, tinha seus próprios negócios.
Durante as investigações, Waldir Maranhão foi flagrado em conversas telefônicas com o doleiro quando o esquema estava no auge. Nos diálogos, o deputado aparece como um legítimo funcionário do doleiro – obediente, ele marca encontros de Fayed com prefeitos aliados, faz visitas a autoridades para resolver assuntos de interesse do esquema e atua como um diligente captador de novos negócios para a quadrilha.
Em um deles, Waldir Maranhão fala com o doleiro de dentro do Palácio dos Leões, em 2012, durante o governo Roseana Sarney. O deputado dá sinal positivo, após uma reunião, acerca do que foi tratar e fala em tom otimista com o doleiro. Acompanhe:
“Eu estou aqui no Palácio dos Leões”
03dez2012 14:39:55
O agora vice-presidente da Câmara também intercedeu pelos interesses da quadrilha do doleiro junto ao governo do Maranhão.
Deputado – Veja só, eu estou aqui no Palácio dos Leões [sede do governo maranhense], viu? E as notícias ‘é’ a melhor possível, tá?
Doleiro – Como?
Deputado – As novidades, as melhores ‘possível’. Daqui a pouco a gente se encontra.
Doleiro – Tá. Eu tô aqui no hotel.
Deputado – Tá ok.
“Você é mais experiente do que eu e conhece todos”
03dez2012 21:45:32
No mesmo dia da visita à sede do governo do Maranhão, o deputado e o doleiro se falam mais uma vez. Fayed estava preocupado com o desenrolar de uma das parcerias da duplas.
Doleiro – Chefe, me fala uma coisa. Oi, tá me ouvindo bem?
Deputado – Estou, estou.
Doleiro – Me diga uma coisa: qual é a sua percepção com relação a isso tudo? O que você tá achando? Você é mais experiente do que eu e conhece toidos.
Deputado – Não, não (trecho ininteligível). Positiva.
Doleiro – Hein?
Deputado – Positivo.
Doleiro – Positivo?
Deputado – Positivo.
Doleiro – Então, tá. Tá bom, então.
Com informações da Veja

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