Racionalidade democrática é diferente de perseguição. Tutóia precisa de rumo

Muitos governistas e simpatizantes criticam-me por criticar atos de desmandos, de supostos desvios e favorecimentos individuais neste município.

Eu não vejo problema algum em uma pessoa possuir um bem ou bens desde que trabalhe e os consiga por mérito próprio, por conta de muito suor derramado ou empenho dedicado para tal.

Agora, me parece estranho, nojento, nocivo, ultrajante, provocante e até desumano saber que algum secretário municipal ou mesmo um agregado do governo consegue em curto espaço de tempo (em média, quatro anos) acumular bens e mais bens (carros caros, imóveis, dinheiro, luxo, etc) nesse meio tempo. Pergunto: isso é normal? É normal?!!!

A saber: o salário de um secretário municipal, em média, custa, atualmente, 2 mil Reais. Muita gente por aí percebe o dobro disso (trabalhando duro, 40 horas por semana ou mais) e não consegue acumular tanto em tão pouco tempo.

Eu, sinceramente, acho baixo demais o valor do salário de um secretário ou de um cargo de chefia, mas que os valores fossem pagos de maneira lícita (obedecendo a legislação) e não de maneira escusa. Que se desse publicidade para não haver surpresas. 

Não me parece normal.

Reina nas nossas cabeças a ideia da máxima: “se a minha situação é favorecida, que se danem os outros”. Mas, vivemos numa sociedade do conjunto. Dependemos uns dos outros.

Sabe por que existem os marginais? Porque lhes faltam oportunidades. Existem os larápios porque não há fiscalização. Existe a miséria porque alguém se apropria demais de outrem ou da sua força de trabalho. Pode ter certeza que sempre há um motivo.  

Vivemos em uma democracia – ou era pra se viver – e, portanto, a divergência de ideias é normal.

Podemos e devemos (e eu o faço), sim, entender aqueles que defendem um governo quando há exagero oposicionista que quer almejar e se aproveitar de vantagens para ascender ao cargo que o outro ocupa.

Agora, é perfeitamente, repudiável o comportamento daqueles que defendem um governo apenas pra defender seu interesse particular e, por consequência, causar a desgraça de tantos – quase sempre a grande maioria. Não estou a dizer que não se deva ambicionar em vencer na vida, que se queira ter uma vida digna. Não se trata disso. Falo da falta de humanidade. Da ambição perversa.

E, pra sermos honestos, sem querer dar mais razão a um ou a outro seria preciso parar para refletir sobre tudo o que ocorre em nosso município. Mas é preciso analisar com honestidade, com racionalidade.

Senão vejamos: E as pessoas que saem dos povoados (acordam de madrugada), pagando caro, e vem até o Hospital municipal pra marcar uma consulta e não conseguem e o que recebem é um NÃO bem grande? O que dizer? É normal?

E as crianças que ficam sem alimentação escolar porque alguém desviou o recurso? E os alunos que não vão à escola porque houve desvio do recurso e, nesse caso, os pais têm de pagar o transporte que deveria ser público e gratuito?

E as ruas que estão esburacadas porque o serviço realizado foi de má qualidade ou mesmo não foi feito e isso como consequência acaba dificultando o deslocamento das pessoas?

E a iluminação pública que não existe e se paga caro? A falta dela dá margem pra roubos, furtos, favorecimento de pontos de tráfico de drogas e outras mazelas sociais?

Não se trata de criticar porque se quer chegar ao poder, NÃO. É pra que a coisa fique melhor, que mude.

Quero deixar claro que não sou candidato a nenhum cargo eletivo em 2016, apesar de muita gente achar que brigo por isso. Ledo engano.

Espelhemos-nos na educação europeia e de outras grandes democracias com povos conscientes. Por lá a corrupção é intolerável, o povo não aceita. Por aqui é exatamente o contrário, falta de educação e puxa-saquismo e troca de favores.